09 junho 2005

O primeiro voo


Eram 16H45 do dia 8 de Junho de 2005. Devidamente fardado, estava pronto para me dirigir ao meu futuro local de trabalho: o aeroporto de Lisboa. Decidi fazer o percurso até lá pelo famoso IC19 mas ao chegar à entrada e ao ver a enorme fila logo no seu início, depressa desisti da ideia e rapidamente rumei ao meu percurso alternativo. “Será que irei chegar a tempo?” – pensei. Faltavam 15 minutos para a hora de apresentação quando cheguei. À entrada da sala de “briefing” estava uma pessoa que já conhecia. Dirigi-me à sala ao lado e encontrei pelo caminho aquela que seria a minha Instrutora/Verificadora. Simpaticamente, apresentou-se, perguntou qual era o meu voo (pergunta à qual respondi com voz trémula, depois do meu cérebro bloqueado ter encontrado o destino) e disse-me que seria ela a acompanhar-me no meu primeiro voo. Passado o nervosismo inicial, entrámos para a sala. Apresentações feitas e recolhidas todas as informações relativas ao voo, dirigimo-nos ao avião que, para minha sorte de principiante, estava praticamente lotado. Antes do embarque dos passageiros, a minha Instrutora/Verificadora deu-me mais umas “luzes” sobre o equipamento: nada de novo para mim, mas que é preciso ver ao vivo para saber exactamente como são as coisas e onde estão já que a teoria e a prática têm sempre algumas diferenças. Embarque. À hora prevista começaram a entrar na cabine os primeiros passageiros. Fui rapidamente informado de que se encontravam a bordo dois inspectores do INAC. Depressa surgiram as primeiras perguntas dos passageiros, como por exemplo: “posso trocar de lugar?”, “posso trabalhar com o computador portátil?” entre muitas outras que convém saber esclarecer. Terminado o “check” de cintos e de bagagens e depois do vídeo de demonstrações de segurança, estava tudo pronto para a descolagem, que foi diferente das minhas descolagens habituais como passageiro: de costas para o cockpit. Durante o voo tive oportunidade de entrar no cockpit e apreciar a paisagem enquanto o Comandante assinava o Diário de Bordo do primeiro voo de uma criança. Depois do serviço de bordo terminado, do meu próprio jantar e dos “checks” e procedimentos de rotina, chegámos ao nosso destino, onde estivemos durante cerca de uma hora. No regresso o avião estava completamente lotado: repetiram-se as perguntas, os “checks”, o serviço de bordo… quanto a este último, há a realçar os pedidos: “vuânhe” ou “côca-côla”, todos com um som muito fechado que, em conjunto com os ruídos do avião, os tornava ainda mais imperceptíveis. À chegada a Lisboa dirigimo-nos novamente à sala de “briefing” ou neste caso de “debriefing” onde me foram ditas as avaliações, onde foi realçado o meu empenho e as frases mais importantes: “para primeiro voo foi excelente” e “está mais que largado”. Depois de alguns anos a tentar alcançar este objectivo, foi gratificante ouvir aquelas palavras.